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  • Foto do escritorJoão Gabriel

Google Vs. Oracle: A disputa entre gigantes e as licenças sobre API.

 Em 1991 nascia o Java diretamente dos estúdios da Sun Microsystem, uma linguagem que até hoje é amplamente utilizada pela comunidade, contendo grandes frameworks e bibliotecas como as fornecidas pela Apache Foundation, uma linguagem amada (e muito odiada também), que marcou a história. 


Mas disso eu não preciso dizer nem me estender muito, apenas contemplar o quão antigo e maduro o Java é, um fato que a Google levou em consideração (e muito) ao criar o Android, o seu sistema operacional open-source para dispositivos móveis. Atualmente mais da metade dos celulares no mundo rodam o sistema operacional da gigante da tecnologia e erroneamente muitos acham que o sistema roda Java diretamente no kernel, mas isso não é completamente verdade, há um virtual machine chamado Dalvik que interpreta o DEX - o Java ByteCode compilado para o Dalvik - uma verdadeira engenharia reversa no Java, mas o porque disso? Porque não somente implementar a JVM do Java? E ai que começa a nossa história de hoje.


Quando o Google estava para criar o Android ele queria se aproveitar da grande gama de desenvolvedores da linguagem para facilitar o interesse pelo sistema, porém para que ele pudesse utilizar a tecnologia até então da Sun era necessário uma licença permissiva, no entanto a Sun não estava muito interessada em fechar negócio muito por causa do J++, a linguagem antecessora ao C#  que era uma implementação não compatível do Java que EMPUTECEU a Sun, que por sua vez se revoltou contra a Microsoft. 


O Java nessa época não era OpenSource e não existia a OpenJDK, portanto tudo dependia da boa vontade da Sun, o que fez o Java ficar acomodado por algum tempo e criar discussões entre os desenvolvedores sobre o Java Trap, que consistia em acreditar que a Sun seria boazinha e não faria nada contra você e seu código, isto porque todas as librarias nativas do Java eram proprietárias.


E obviamente a comunidade de software livre já dava seus passos tentando criar uma libraria nativa idêntica a do Java da Sun porém que fosse verdadeiramente livre, mas era uma corrida de gato e rato, o Java atualizava constantemente e as cópias em cleanroom não conseguiam acompanhar.


E foi baseado nessas librarias cleanroom que o Google foi se arriscar, o "não" humilhante da Sun eles já tinham, já não havia nada a perder. 


O Android então recebeu librarias nativas que teoricamente não usavam código proprietário e ninguém na época queria realmente verificar se isso era verdade, nem a própria Sun que rachando os dentes de raiva parabenizou a Google pela escolha.


Só que ninguém na época querer verificar é uma coisa, agora ninguém nunca querer verificar é outra, ninguém percebeu a Oracle chegando de fininho, nem mesmo a Google e eles sim estavam muito interessados em verificar, tanto por eles considerarem o uso do Java "de forma clandestina" uma baita de uma sacanagem quanto por eles quererem o dinheiro que perderam.


E foi ai que o Google se meteu em um problema, foi declarado a compra da Sun pela Oracle por incríveis 7.4 bilhões de dólares e em alguns meses o processo chegou na mesa da gigante. A Oracle achou código proprietário e acusou a Google de uso inadequado do Java no Android.


Este processo ainda está rolando até hoje, apesar de já ter saído um resultado favorável para o lado da Google. E o resultado dele é extremamente importante, não só para Google e Oracle, como também para milhares de outras aplicações, como o próprio Unix.


Com essa cheirada de cangote da Oracle a Google investiu em uma linguagem nova que pudesse substituir o Java mas que continuasse funcionando com ele, até mesmo para se livrar desse problema de uma vez por todas e ai que damos as boas vindas ao Kotlin, a linguagem da JetBrains. Quem diria, um executivo - em meio aos 9 que estavam presentes na palestra - era da Google e foi assim que um acordo simples trouxe o Kotlin para lado do Android.


Agora você sabe porque o Java não foi simplesmente implementado no Android: porque não podia.

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